Você sabe como um charuto é feito?
Com certeza você, charuteiro, já deve ter se perguntado: Como um charuto é feito?
Bom, estou aqui para te explicar de maneira sucinta os processos aos quais o Tabaco é submetido até se tornar essa jóia que agracia o nosso paladar.
O Cultivo:
Tudo começa com o plantio da Nicotiana Tabacum, nome científico do nosso querido Tabaco. A semeadura é feita com muito cuidado em locais cobertos e após atingir certa maturidade, as pequenas mudas são transplantadas nos campos por um período que varia de seis a dez semanas. O plantio da folha de capa exige um cuidado a mais, afinal é a folha mais nobre do charuto, aquela que não pode ter defeitos. Em sua maioria são cultivadas em Tapados (grandes coberturas teladas) para não haver muita incidência do sol, geralmente chamadas de Shade são claras, muito delicadas e esteticamente mais elegantes. Mas também existem as folhas de capa Broadleaf que são cultivadas ao sol e em sua maioria entregam uma coloração escura e um grau maior de nicotina.
Obviamente que as folhas para enchimento também são muito bem cuidadas mas com menor preocupação tendo em vista que ficam a mercê do clima.
Secagem:
Depois do cultivo vem a colheita. Por agora não vamos abranger métodos como o Stalk Cut, e sim focar no Priming (folhas colhidas uma a uma). Deixo o Stalk Cut para um próximo post. PROMETO.
Após o corte, as folhas são colocadas em estreitas ripas de madeiras (cujes) e penduradas em estruturas especificamente construídas dentro dos galpões de secagem. Esse processo elimina a clorofila que é substituída pelo caroteno fazendo o vívido verde se transformar em tons de amarelo e marrom. Podemos chamar esse processo de Cura que serve também para trazer o aroma característico ao qual estamos habituados. A secagem pode ser feita “ao vento”, de forma natural, ou em galpões aquecidos onde é exigido um monitoramento cauteloso da temperatura para que não seja feita de maneira muito rápida.
Fermentação:
Depois de curadas, as folhas são selecionadas por cor e tamanho. As mais delgadas são usadas para o miolo e as mais largas para capote. As folhas de capa já saem do plantio sabendo que serão usadas para essa finalidade.
As folhas de enchimento são agrupadas em “manocas” e cuidadosamente empilhadas e ali, no ar ambiente são naturalmente fermentadas. Nessa etapa as enzimas quebram a estrutura e os compostos das folhas. Como esse processo aumenta a temperatura interna das pilhas é necessário fazer a “vira” quando a temperatura de 50°C mais ou menos é atingida (lembrando que a vira pode ser feita inúmeras vezes a depender do tempo de fermentação de cada fábrica e da quantidade de fungos e bactérias de acordo com o tipo de tabaco). A vira se consiste em reposicionar as manocas do meio para fora e as de fora para o meio da pilha.
Retirada dos talos:
Sabe quando você fuma aquele charuto e a queima é tão perfeita e uniforme que até posta foto nas redes sociais? Então, isso só é possível graças a “destalagem” das folhas. Processo em que os talos são retirados dividindo as folhas em 2 bandas sendo chamadas de lagarto ou sapos (quando não é retirado todo o caule). Após isso as folhas são empilhadas novamente, amarradas em fardos e armazenadas para uma nova fermentação. Só para não deixar dúvidas, em todo o processo de fermentação há também o controle de umidade para que as folhas não ressequem e se tornem quebradiças.
Enrolados à mão:
Esse processo é feito pelos maiores “artistas” de uma fábrica de charutos. Trabalho que exige habilidade e experiência o ato de torcer um charuto é realmente uma arte.
Após a seleção das folhas para o miolo elas são apertadas na mão e envoltas de maneira cilíndrica pela folha do capote. Esses charutos inacabados são colocados em um molde de madeira para preservar o formato e aguardam pelo profissional de capeamento.
Encapar é o processo mais delicado, afinal não podem haver erros com a folha mais cara do charuto. Com a Chaveta (faca circular própria) o torcedor apara as irregularidades do miolo e capote e então enrola a capa nesse cilindro. Na ponta é passado uma cola vegetal para que a capa não se solte. Mas o que realmente mantém a capa no lugar certo é o que chamamos de “Cap”. Um pequeno pedaço arredondado das sobras da folha de capa é colado na cabeça formando a Cap e finalizando a estrutura do charuto que conhecemos. É feito o corte reto no pé do charuto e pronto, teoricamente o charuto está pronto.
No vídeo abaixo é possível ver desde a retirada do talo até a finalização do charuto:
https://www.youtube.com/watch?v=njsrYWoBlnw&ab_channel=RikkiRincon
Enrolados à maquina:
As grandes empresas precisam de agilidade no processo para abastecer a demanda mundial, então todo esse processo pode ser feito manuseando máquinas de enrolar. Vou deixar um vídeo para que visualizem de maneira mais fácil e o interessante desse vídeo é que irá mostrar o próximo tópico também, Controle de Qualidade:
https://www.youtube.com/watch?v=l4o-eNu4ME8&ab_channel=ReservaEspecial
Controle de Qualidade:
Depois de torcidos, os charutos passam por inspeção de profissionais que verificam tamanho, diâmetro, peso e principalmente o fluxo, que é aferido por uma máquina chamada Fluxômetro (ou máquina de tiro). Cada bitola tem suas especificidades quanto a isso.
Finalização e embalagem:
Passados por todos esses processos, os charutos enfim recebem as anilhas e no caso dos Off Cuba são embalados em Celofane (logicamente, há marcas que optam por deixa-los sem o Celofane, assim como os Cubanos).
Por fim são selecionados para compor uma caixa os charutos de mesma tonalidade para entregar uma uniformidade maior.
Como viram, para chegar até sua mão, os charutos passam por inúmeros processos e, como gostamos de falar, deve ser respeitado. O corte perfeito e o acendimento correto não só irá potencializar a sua degustação como demonstrará respeito às inúmeras mãos que com tanto esmero não medem esforços em nos entregar essa paixão.
Esperando que tenha gostado deste post, agradeço por ter chegado até o fim. Nos siga também nas redes sociais e visite o nosso site.
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