Joya de Nicaragua.
E aqui vai mais uma história de resiliência de uma Tabacalera destruída pela ditadura e reconstruida para, com muita luta, ganhar o mundo novamente.
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Mais e mais Cubanos saídos de sua terra natal chegam à Nicarágua e determinam que ali havia um grande potencial e qualidade nas terras para o cultivo de sementes de tabaco cubano.
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Em 1968, Simón Camacho e Juan Francisco Bermejo fundam a Nicaragua Cigar Company, primeira Fábrica de charutos do país, no coração de Estelí. Ali eles começam a produção da Joya de Nicaragua que se tornou a primeira marca de charutos nicaraguense a ser comercializada em todo o mundo.
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No início da década de 70, Anastasio Somoza Debayle, ditador da Nicarágua e aficionado por charutos, encontra-se com Richard Nixon (presidente dos EUA na época) e descobre que os charutos oficiais da Casa Branca são justamente os Joya. Naquele período os charutos nicaraguenses são tidos como alternativas aos charutos cubanos em todo os EUA.
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Sob pressão política, JF Bermejo vende parte da Nicaragua Cigar Company à Somoza, que se aproveita de sua posição para possuir uma nova fábrica, tendo em vista que ele já era proprietário de algumas fazendas em Estelí e Jalapa com grande cultura de tabaco.
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Em 1979 a Revolução Sandinista acaba com a dinastia Somoza e, como muitos, a fábrica não conseguiu fugir da realidade que o país enfrentava. A Revolução contra Somoza ganhou força e um dia os revolucionários sandinistas incendiaram a fábrica da Nicaragua Cigar CO.
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Com a queda de Somoza, a fábrica, assim como outras empresas, foi nacionalizada e a indústria do tabaco formou uma identidade única. Os trabalhadores reconstroem a fábrica a muito custo e sem salários. Pois é, por conta da nacionalização das empresas, o embargo dos EUA veio deixando lotes e lotes de charutos parados e trabalhadores sem ter como receber, vivendo apenas de auxílio do governo.
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Após uma década de embargo, os trabalhadores começaram a procurar um líder para ajudá-los a manter a fábrica viva. Eles viram um grande potencial no Dr. Alejandro Martínez Cuenca (proprietário da Tabacos Puros de Nicarágua SA), que também reconhece o valor da fábrica e adquire a Nicarágua Cigar Co.
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Dr. Cuenca então recupera os direitos sobre o nome Joya de Nicarágua (que havia sido vendido por Somoza ao maior lance após ele fugir da revolução para os EUA com os principais documentos de registros da marca) e inicia a distribuição dos novos Joya.
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Daí pra frente a empresa só decolou e agora sob o nome de Joya de Nicaragua (em reconhecimento ao grande valor da Marca) e sob supervisão de Juan Martinez, filho do Dr. Cuenca, ela conta com mais de 50 anos de história e muita perseverança para chegar aonde chegou.