Habano X Off Cuba
Vamos imaginar que isso seja uma guerra!
De um lado toda a tradição de Cuba com seus grandes nomes, e do outro o conjunto de países que agregam de maneira sensacional à cultura charuteira e trazem também muita elegância em seus vitolarios.
Parece uma briga injusta, tendo em vista a quantidade de países que formam o eixo Off Cuba, enquanto a terra dos Habanos é apenas uma pequena ilha da América Latina.
Mas não é!
Apesar do tamanho, apesar dos problemas políticos (inclusive o embargo), apesar de todos os pesares que assombram Cuba, essa pequena porção de terra foi agraciada pelos deuses do Charuto. Que clima, que solo. É o Terroir completo que tornam os cubanos, os charutos mais desejados do Mundo. Sabores únicos, torcedores experientes, aromas específicos. Sim, Pinar del Río é o Olímpo dos tabacos.
Por outro lado temos países como Nicarágua e República Dominicana dominando os paladares Norte Americanos enquanto Brasileiros, Hondurenhos e Costa Riquenhos correm para garantir o seu espaço de prestígio. Para margem de comparação, a Nicarágua traz deliciosos “temperos” em suas nuances e a República Dominicana apresenta sabores mais maduros como Cacau, Café e Terra. -Nota de rodapé: Se os brasileiros soubessem como o nosso tabaco é valorizado mundo afora, passariam a olhar com outros olhos as marcas tupiniquins. Alô Dannemann, conta pra eles…-
Falando de cuidados específicos, Cuba tem uma certa rusticidade, simplicidade na apresentação tanto da embalagem quanto dos charutos (exceto pelas edições especiais que são verdadeiras obras de arte) enquanto os Off Cuba apresentam caixas magníficas e muito bem tratadas, vide os Gurkha, Arturo Fuente e afins. Os não cubanos também trazem um certo cuidado com o celofane que envolve os charutos. Acredito ser pela praticidade dos clientes de Tabacarias gostarem de “ver na mão” os produtos que desejam levar.
Quanto às linha especiais podemos dizer que ambos os polos surpreendem os apreciadores a cada nova edição, mas não se pode tirar o mérito de Cuba dizendo que há uma competição quando o assunto é Edición Limitada, porque não há. Todo ano a Habanos S.A. concede três ELs ao público, com a regra de todo o tabaco das bitolas terem pelo menos 2 anos de envelhecimento. E que tabaco. Cuba de fato nos presenteia com suas ELs desde 2000 lançando charutos SENSACIONAIS fora “de linha” a cada ano que passa. Diz-se por aí que o ano do charuteiro só começa quando são liberados para venda essas tão desejadas anilhas. Mas…. não podemos jogar fora todo o empenho das fábricas Off Cuba quando entram nessa competição trazendo divindades como Opus X, Cellar Reserve, e cabe a nós brasileiros aguardar a boa vontade da querida Anvisa em liberar o vasto leque dos não cubanos ao nosso deguste.
Atualmente podemos dizer que a compra de charutos se torna um investimento. Quem compra charuto para guarda nunca perde, muito pelo contrário, só ganha ao poder degustar um charuto que aparentemente sai de fábrica “jovem”, “cru” e após alguns anos de envelhecimento destaca todo o potencial que tinha, trazendo sabores e aromas não sentidos em uma primeira fumada.
O fim dessa guerra é uma grande trégua entre as potências, afinal essa guerra só existe na cabeça de quem não sabe apreciar a arte de charutar. Essa trégua traz a nós charuteiros um ilimitado cardápio de charutos a serem degustados e apesar de surgir aquela dúvida: Qual o melhor charuto? Nós trazemos a resposta: O melhor charuto é o charuto que você está fumando no momento, com uma boa bebida e uma boa companhia.
Caio Chaddad